segunda-feira, 26 de dezembro de 2011





Preciso não saber
(prefiro não saber)



Queria saber mais
queria dizer mais
quem sabe um pouco mais
pelo menos
Queria viver mais
você
queria um pouco mais
mas...


Prefiro não ter escolha
cometer você
não era erro aos olhos certos


Prefiro não viver(assim)
a ter que matar
o que me enche de sentimento
e me esvazia de sentido


Por vezes tudo que eu queria
era saber (o) que não precisava saber
saber o que (como e quem) esquecer
saber o que (e quando) silenciar


Não há resposta
quando a pergunta é o silêncio
solidão não é o fato de estar sozinho
solidão é o nome
que se dá à sua ausência








quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Das 'palavritas'...




À ventura das palavras
que se encontram nas linhas
e se perdem nas entrelinhas:
a aventura das palavras






sexta-feira, 2 de dezembro de 2011





Não sou capaz de responder
por mim mesmo como futuro
Talvez recrie o que me foi passado
pra trás
Como um sonho
que não se sonha acordado






Talvez releve e me torne leve
leve o bastante
para que meu futuro
não me condene
ao passado




Eu, que outrora fora a gota d’água
à agora de fora
uma gota d’água
no leito (de morte)
de um rio que desemboca no mar
que desencana de amar




quinta-feira, 24 de novembro de 2011







Ela constrói castelos
com as 'pedras do meio caminho'
e com a areia do fundo do poço...








quarta-feira, 23 de novembro de 2011







Álcool não cicatriza feridas.








segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Sabotagem




Sabotar:Danificar propositadamente,  instalações inimigas para impedir, retardar ou interromper seu funcionamento. Boicotar.


Figurado:Dificultar ou prejudicar uma atividade por meio de resistência.



Sabotador: 1: Sabota a dor.




Ps(post scriptum)- "Sabotarte"

Ps2- Teria como escrever textos só com o 'post scriptum'...















terça-feira, 8 de novembro de 2011

     Meus óculos quebrados são como uma cicatriz de batalha. Um dia estendi a mão a uma pessoa caída e ela me respondeu com um tapa endereçado ao meu rosto. Por esquiva, por reflexo ou por acaso ela só encontra meus óculos. Eles voam e levam junto meu intuito em ajudá-la. Sem meus óculos era eu quem precisava de ajuda e a outra face a ser oferecida seria minha ausência.  

  
     No meio da multidão, no meio da confusão, no meio da história, o cavalheiro havia caído do cavalo e eu estava sozinho a procurar e defender meus óculos de um pé cego que esmagasse a minha possibilidade de visão. Tomando a necessidade como mãe da criação (já ouvi dizer que o MacGyver era o pai) começo a tatear o chão, movendo as mãos em movimentos circulares na expectativa de cobrir uma área maior. (Não, eu não pensei em ficar olhando o chão até encontrá-los.) Antes que eu também começasse a precisar de alguém me estendendo a mão, minhas mãos encontram meus óculos. Volto a enxergar e consigo ver que parte da lente havia sido quebrada, parte da lente ficara naquele chão, como parte do meu gesto de compaixão (pois o gesto com paixão) havia sido quebrado por aquele tapa.



     A menina ao chão derrubada por algum terceiro alheio aos limites e às limitações do outro e indiferente à sua dor viu na mão que eu estendia a possibilidade de mais um golpe ou o espaço para revidar a agressão sofrida. Ela havia vingado a queda, ela levava mais alguém ao chão e estava quite com a história. Ela seja por reatividade, seja por vingança, seja por materialismo-dialético-monocromático-egocêntrico, seja por ser um oprimido reagindo contra o opressor (Opressor: leia-se tudo que estiver de pé, tudo que não for oprimido), seja por medo de mais um golpe, viu na mão estendida por mim a mão que lhe havia agredido ou mesmo um simples “desconta lá”.Quem pagou a conta? Meus óculos que resignadamente sempre foram gentis e compreensivos com as limitações e fragilidades alheias. Inocentes surpreendidos e punidos por permitir que meus olhos ao olhar por alguém não vissem a possibilidade de não sermos vistos com bons olhos.











sexta-feira, 4 de novembro de 2011

(...)



        Dos dias a se lembrar com coisas a se esquecer, eu vou falando como dizia Belchior: “Eu me lembro muito bem do dia em que eu cheguei, jovem que desce do norte...”




A noite fria me ensinou a amar mais o meu dia
e pela dor eu descobri o poder da alegria
e a certeza de que tenho coisas novas,
coisas novas pra dizer
A minha história é ... talvez,
é talvez igual a tua,
jovem que desceu do norte
que no sul viveu na rua

e que ficou desnorteado, como é comum no seu tempo
e que ficou desapontado, como é comum no seu tempo
e que ficou apaixonado e violento como, como você
Eu sou como você.
Eu sou como você.
Eu sou como você
que me ouve agora.
..

Belchior




... e por aí vai e daí vem. Eu não me esqueço do dia em que dormindo no aconchego do meu lar e fui expulso, sem aviso, sem cerimônia, de repente, de uma vez, como se estivesse fugindo ainda que eu quisesse ficar. Lembro-me da humilhação e da exposição degradante, das luzes ofuscantes, dos risos, da exposição da minha nudez e não bastasse a agressão física me intimando ao choro.

     Havia livros sobre opressão e ditadura, mas ninguém percebia a tirania que se fazia naquele momento. Que crime eu havia cometido para sofrer aquela pena? Fui tirado da minha zona de conforto, meu mundo havia desabado, a vida que eu levava havia sido usurpada e eu não tive o espaço nem mesmo de escolher. Tirado à força, expulso por um lado e puxado para fora. Diálogo? “-Calma, eu posso explicar!” O que é isso? Parecia que eles não falavam a minha língua.

     Pela primeira vez eu sentia o que era fome e antes que pudesse esquecer da dor que eu sentia ainda havia o frio. Eu sinceramente achava que a morte era mais amena que aquilo. Quão intolerante e impiedoso era esse mundo novo! Admirável mundo novo! Até então a hospitalidade rimava com hostilidade. Malditos bárbaros! Eu não pertenço a essa cultura!

     De tanto ouvir que “nada é tão ruim que não possa piorar” comecei a acreditar nisso, mas não desacreditava que mesmo estando pior ainda era possível mudar. No meio daquela “via crucis” mal sabia eu que encontraria a mulher da minha vida. Ainda não sabia que o amor havia se escondido no meio daquela revolução ou daquele golpe na existência (como alguns devem preferir chamar). No meio da minha fome havia aquela mulher a me dar colo e abrigo, a velar meu sono e a conjugar o verbo amar e a me ensinar a conjugá-lo. Pela primeira vez alguém me amava não pelo que eu tinha, até mesmo pelo fato de eu não ter nada além dessa história de amor.

     E passaram se alguns anos até que eu percebesse que nada é tão ruim que não possa piorar e ainda assim não possa mudar. O que era visto como crise naquele passado era apenas uma mudança. Traumática? A psicanálise que o diga! O meu desespero e as angústias daquela hora eram alentadas pela minha inocência em não perceber que aquele fim do mundo era na verdade apenas o começo da história.










     

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

O passado é uma massinha de modelar. Às vezes para lembrá-lo ou para lembramo-nos é preciso uma criança a brincar com ele e com toda a inocência que a ele é inerente. Daí se lembra que ele existe e que não se tem mais tempo ou idade para brincar com massinha de modelar ou se misturou todas as massinhas de todas as cores e se formou um bolo cinza e indiferenciado, ao passo que nós nos tornamos indiferentes.


Dizia um iluminado ( da eksistencia) que o passado é plástico e maleável pra quem se sabe fazer flexível. Não se demanda terapeutas e poetas ou poetas-terapeutas para conceber isso. Uma vez que a memória é balizada por afetos e sentidos não se pode guardá-la de uma forma estanque e impessoal. A forma como se vê muda junto com o observador. Ao se olhar de um ponto mais alto agora os grandes problemas de outrora parecem “formiguinhas” para quem hoje aprendeu a voar.



A roupa que não nos serve mais e que se doa ou se dá de esmola, pois há quem se alimente do que é passado ou do que fomos: passado. Há histórias narradas só com verbos no pretérito, seja ele imperfeito, perfeito ou mais que perfeito, ainda que se faça de conta que não se enxerga os personagens do presente ...






terça-feira, 18 de outubro de 2011

'Message in a bottle...'



E entre o verso e a melodia havia o silêncio... Ainda que se transbordasse em vontade de escrever e desejo de cantar havia algo maior em um acordo tácito da sorte,do acaso, do desejo e do destino: o silêncio. Naquilo que ela não diz agora, espera para dizer depois, espera amanhã chegar pra ver se diz, mas não diz hoje e espera amanhã pra ver chegar.


Como saber se não foi dito, desdito ou maldito? O silêncio é pai da ambiguidade e aqui nessas horas não há mais o benefício da dúvida. Às vezes a tecnologia vai de encontro ao encontro: não há telefone, telegrama, sms, sos, bilhete, carta, mensagem, Messenger... que me valha o encontro com seu  sorriso. Esses “meios” de comunicação eram pra servir ao fim que seria o “encontro” presencial. No entanto, tais meios foram hipertrofiados e viraram fins em si mesmos. O mais simples segue a lógica da distância e da representação do desejo de estar perto; a voz no ouvido parece ter se tornado obsoleta; o “cara à cara, beijo à beijo” , face à face é pela realidade virtualizada e emulada por um “face” impessoal que se coloca como denominador comum às pessoas. Mundo virtual: um grande “ki-suco” da vida! Adicione a cor e o sabor artificial que você quiser e dilua bastante, bastante, bastante mesmo...
Há sentimentos que não cabem em 140 caracteres, há coisas que para serem faladas não podem ser ditas e pra essas coisas parece nunca haver espaço e tempo. 



[E entre a minha palavra e a tua havia o (nosso) silêncio...]







segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Não teria verso que rompesse o silêncio daquele coração ou surto de coragem que arrancasse algum texto daquela gaveta. Era o segredo mais oculto, a carta nunca remetida, a história sem fim em um texto nunca lido nem por quem o escreveu. Apenas escrito sem mesmo ser revisado para que nunca fosse lido. Um rascunho em palavras que era representativo de si. Ela guardava seus textos como quem guardava a si mesma. Os textos mais belos permaneceriam desconhecidos tal como ela permaneceria. Escondia suas palavras do mundo e assim se escondia também. Em meios aos sorrisos automáticos, as noites produzidas em série, as pessoas pré-programadas, os relacionamentos protocolados... haveria alguém que pudesse vê-la além disso?     Haveria texto a ser escrito depois das reticências?



Por algum instante alguém ousou invadir e arquitetou roubar uma das chaves de tal gaveta. Equívoco primário e surpresa ao descobrir que algumas coisas se guardam
a sete chaves. Pretensão demais em acreditar que algo além da superficialidade havia sido dito. Falar cansa, talvez por isso ela cante e escreva o que ela teria a dizer. “Teria a dizer”, como possibilidade abandonada e não “ter a dizer” como vontade a ser concretizada. Só quem desconfia da força do silêncio saberia o que ela tem dizer.



E das sete chaves ela fez os muros e as grades, e do silêncio ela fez um hábito. Um exercício diário de quem se fortalece com a própria solidão. Havia um riso cada vez que pensava nas pessoas que se alentam das solidões alheias. Sozinha ela tinha um exército ao seu lado e um campo de batalha no lado esquerdo do peito. 











As coisas são simples,
a gente (e há gente) que às vezes complica.










segunda-feira, 3 de outubro de 2011








Curso de oratória é para os fracos,
os bons exercitam o silêncio.









segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Resetar os protocolos

Como seria se a vida quando desse erro bastasse resetar os protocolos? No entanto, isso demandaria de mim a coragem suicidada e a covardia romântica de acreditar em reencarnação. Por um lado até paradoxal ou por outro apenas um desdobramento lógico. O suicida dar cabo à própria vida por acreditar que encontraria um fim para seu sofrimento. Se ele acredita que a existência transcende a vida bastaria apenas reiniciar o sistema cada vez que ele travasse.

A morte como solução para a vida nunca me pareceu tão simples! No entanto, ainda me é complicado acreditar que depois do fim é que estaria o começo. Não sei a vida é chegada a outros sinais de pontuação além do ponto final. Colocar vírgulas ou reticências no texto seria como conceber histórias sem fim e acho que sobrariam páginas e faltaria espaço para novas narrativas nesse mundo. Ainda me pergunto se a dúvida sobre vida após a morte seria da mesma ordem das dúvidas fetais se existiria vida após o parto. Isso sempre descontruía o argumento de que ninguém voltou do outro lado para contar ou provar como é que é (ou como não é).

Não que eu não acredite que não exista. Eu fico com o benefício da dúvida e abdico da dívida para conquistar a vida eterna. No entanto, se for acreditar em algo: eu acreditaria que não existe. Eu acreditaria no nada e no vazio. Quaisquer hipóteses diferentes seriam eufemismos para quem prefere desejar o nada a não ter nada para desejar. Sem dar muita densidade a isso. Eu desconfio da superioridade desses grandes valores em que a mediocridade parece se camuflar. Não há desesperança ou pesar por isso; não há dor ou medo. Se eu estiver certo, não gostaria de viver o breve tempo que temos imaginando, loteando e negociando a “pós-vida” que não teremos.

Se eu tivesse a fé para acreditar nisso seria também louco o suficiente para não hesitar diante do suicídio. “Deus é pai, não é padrastro” tudo sabe, tudo entende, tudo perdoa... ainda que me fosse proibido abdicar do meu único bem ( e no ensejo hipotético suicida, meu maior mal) eu estaria perdoado previamente pelo amor infinito e incondicional e teria a possibilidade de começar de novo ou ficar no “stand by” enquanto arrumam a casa.

Se por um dia ou algum dia eu acreditar em algo além da miséria da nossa realidade será o último dia de minha vida. Nesse meu surto de fé teria a humildade de reconhecer as limitações do sistema operacional vida e seu hardware precário “Homo sapiens sapiens” e resetaria os protocolos.







segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Um tiro no escuro
nessa história eu sou apenas figurante
Não tenho rotas de fuga
nessa história sem roteiro
Não me é dado tempo
para sentir medo
Não tenho a liberdade
de me sentir preso


Um tiro no escuro
e por uma fração de tempo
a luz assusta a escuridão
e faz o silêncio gritar
A bala embala o último desejo
de que a morte seja diferente
da vida que se leva e se deixa levar


Um tiro no escuro
e me é suicidada a possibilidade
de ver no impossível uma chance
de que o inverso desses dias
seja  mais (que) um verso
perdido e esquecido
na gaveta das ideias
e dos sonhos




quarta-feira, 7 de setembro de 2011





Como nascem os anjos?


Do amor
de quem sonha?
Do sonho
de quem ama?


Da saudade de quem não foi
da lembrança da vida que poderia ser
Daquele que sempre se perde
naquela que nunca se encontra


Como nascem os anjos?


Da liberdade em um caminho só de ida
ou da paixão que germina um amor?
De um verso que escreve uma vida
ou do inverso em que se inscreve o autor?


Das entrelinhas e seu silêncio escondido
ou do impossível que faria sentido?

De um beijo que encontra um sorriso
ou da palavra dita no altar?
Do espelho que encontra Narciso
ou da palavra interdita no autor?

Do sonho
de quem (te) ama?
Ou do amor
de quem (te) sonha?


Como nascem os anjos?






quinta-feira, 1 de setembro de 2011





Encontrar com você por acaso...



Até quando se quer
e até quando não se quer
ou quando não se quer querer
e quando não se quer não querer


Em nosso caso,
nosso  encontro
é mais que um caso
Do acaso que se curva diante
do nosso desejo por escrever
uma história sem fim na terceira do plural
em que a gente se perde à cada encontro
e se acha no descontrole
por saber que no fim
só os desejos fracos
podem ser controlados
e enfim é que eu posso


me encontrar no acaso por você






sábado, 13 de agosto de 2011

Abilolação




A loucura
como um passe de mágica
como um impasse mágico
em que se perde mais do alheio
para ganhar mais de si mesmo



Não é (se) perder (da) essência do real
é se encontrar no imaginário
um passo em falso no precipício
já não é queda,
é o primeiro passo para o voo
Numa saída que tangencia a entrada
como se validasse
uma premonição do passado



O medo da loucura é cria da sanidade
em alhures da própria
ou na alheia propriedade
não se perde e não a perde
aquele que não a tem


Li da vida que por si só é válida
mas quem se vale da solidão
na vida?







quarta-feira, 10 de agosto de 2011






"...âncora, vela
qual me leva?
qual me prende?
mapas e bússolas
sorte e acaso
quem sabe (?) do que depende?"










sexta-feira, 5 de agosto de 2011







Tomado por uma alegria que de tão sincera,despretensiosa, inocente e plural que chega a se confundir com felicidade me fazendo acreditar que alguns dias poderiam ser representativos da vida que eu desejo em mim.  Dos atos a realizar, dos fatos acontecidos, do que eu consumo e do que me é consumido, como se por alguns instantes ficasse mais claro que viver é mais importante que ser feliz. Nem a clarividência,a iluminação ou a epifania, mas a serenidade de quem aceita as suas dúvidas como possibilidade de força motriz e não como impossibilidade que nos estanque.



Os acordes tocados e os acordos que me tocam, ainda que tácitos como os poemas guardados na gaveta ou as canções que canto em meu quarto longe da plateia voyeur que se satisfaz com o gozo alheio e ainda mais distante daqueles que precisam exibir a felicidade para que esta seja validada por terceiros e assim se torne mais verossímil ou menos fugaz. (Algumas coisas só se dividem com o silêncio.)


Dos dias mais intensos e das noites mais tensas, das histórias com reticências já no primeiro parágrafo, dos “poemas com notas de rodapé”, dos números da matemática discreta e efêmera como se alguns sonhos fossem meras estátuas de ar, das variadas energias que encontro, das várias leituras paralelas que em mim convergem como se me fosse possível ser parabólica e dínamo; homem e criança; poeta e cientista; médico e louco; criador e criatura; autor e obra; mentiroso e sincero; vítima e algoz; professor e aluno; amante e amado...   






          

quarta-feira, 3 de agosto de 2011








A ambiguidade 
mora em quem lê 
e não em quem escreve.












terça-feira, 2 de agosto de 2011






Versos que esperam melodia
amizades que esperam parceria
solidão que espera companhia
saudade que a espera todo dia








domingo, 31 de julho de 2011









'Rinietzsche' alérgica...



por ter afeto por livros velhos,
por gostar das janelas abertas e
'por amor às causas perdidas'...







terça-feira, 26 de julho de 2011








"Sonhos, além de histórias pra dormir
são o pedaço da vida que nos vive"








quarta-feira, 13 de julho de 2011

Precisa-se de alguém para continuar um diálogo...


Das traduções para o “Übermensch”...



Na falta do que fazer, eu brinco com palavras (fiz até um blog) e no meio disso vou ler a origem dos prefixos, uma vez que a solidão é mãe dos mais estranhos vícios. No meu sonho de infância (da vida acadêmica), a ‘Cia das Letras’ traduz o "Also sprach Zarathustra" e ao invés de usar o prefixo "super" e fazer a tradução podre e pobre de "Super-homem" é usado o prefixo "ultra" que significa "além de" e teríamos o "Ultra-homem". (Resolvida a forma quase cacofônica de "o Além-do-homem")


Super, de onde é oriundo ‘superior’ daria a idéia de intensificação indo de encontro ‘a proposta nietzschiana exposta pelo ‘Übermensch’. Super-homem seria uma palavra mais representativa dos homens superiores, os homens nobres, ainda aquém do ‘Übermensch’ ou Ultra-homem como venho propor.



Ainda que considere minha proposta demasiadamente válida não desconsidero que a franquia Superman é mais popular que a franquia nipônica do Ultraman e por uma questão cultural-política de deixar as coisas mais "americanaiadas" segue o nosso querido 'Übermensch' distante da nossa realidade provinciana.







Ps- Na contra-mão do que eu achava, no inglês eles usam "over-man" e eu jurava que eles usariam "beyound", como se o erro alheio justificasse o nosso.

Ps2-Eu acho que o Jaspion é mais popular que o Ultraman...

Ps3-Lembrei que não tratamos de um animal de rebanho, prescinde-se popularidade por essas bandas.

Ps4-Virou um texto (um post, um post it) na esperança de que não seja apenas um monólogo. Dessa vez eu me senti realmente colocando uma mensagem em uma garrafa...






quinta-feira, 7 de julho de 2011







   Não há inspiração aqui, trata-se de expiração. Eu assumo para os devidos fins (e indevidos meios) a responsabilidade por isso. Não há fonte, musa ou topada inspiradora, aqui as palavras são expectoração, exteriorização, transbordam, sangram, derramam-se e derramam-me. Quando se inspira o ar é necessariamente ar que vem de fora. No entanto, quando se expira... mas ainda acho que ‘transpiração’ seria mais preciso por ser ‘algo além da piração’, uma vez que estou me valendo de pirar no sentido de fugir. (Vende-se um neologismo semântico.) Dentre tantas barreiras, filtros e lentes, vem a escrita como expressão de liberdade, como exercício de si mesmo, o outro criado para narrar uma idiossincrasia do eu. Não vem de fora o que é impresso e expresso aqui. Não cabe o adjetivo inteligente ou articulado por serem da esfera do racional. Aqui não apenas se fala; se expressa, se coloca, “palavra por palavra eis aqui uma pessoa se entregando”, é sensitivo, é um exercício estético. Não seria válido rotular como diário por ser atemporal muito do que é dito, ainda que se saiba que “Certos dias têm cara de vida inteira...” Recurso expressivo, talvez denso, mas ainda leve o bastante para que me seja possível voar. Até mesmo porque, o que há de mais profundo aqui tangencia a superfície, uma vez que a essência é apenas mais uma conjuntura da existência, como se fossem possíveis fotografias da experiência colecionadas em um álbum com o título de essência. O ideal e a essência são apenas recursos discursivos, a experiência é o crivo, critério e as balizas da existência. A vida prescinde quaisquer temporalidades aquém e além do presente.











sábado, 25 de junho de 2011






           De encontro às formas de construção que se viu outrora, 'construir muros ao invés de pontes é mais fácil que tentar sorrir' (frase que martela na cabeça quando ouso dormir) faz menos sentido nos dias em que a vida me sorri. Nos dias em que se acha que alguém  leu a mensagem na garrafa, que algumas coisas não precisavam nem mesmo fazer sentido porque só bastavam ser sentidas, nos dias que troca a expectativa do novo pela perspectiva nova, como se aquele mesmo quadro de outrora por outros olhos de agora formasse uma nova imagem. 
       Segredo e silêncio,
 ao
encontro da dúvida dividida com a vida de quem acredita que há algo ou alguém que vibre na sua mesma frequência, que se afine com suas afinidades, que aponte para o mesmo ponto de fuga, que transborde na mesma vazão, com quem se divide os dias pela mesma razão.
        Arte do encontro? Nada se perde, tudo se encontra...











terça-feira, 21 de junho de 2011






A vida prescinde o sonho, 
mudar é acordar com si mesmo e os imperativos 
da presença do 'Novo'.








quarta-feira, 15 de junho de 2011







O silêncio às vezes se apresenta
como a melhor resposta que um homem é capaz de dar.










segunda-feira, 6 de junho de 2011

A esperança é o primeiro passo para a frustração III




A esperança. – Pandora trouxe a caixa que continha os males e o abriu. Era o presente dos deuses aos homens, exteriormente um presente belo e sedutor, denominado “caixa da felicidade”. E todos os males, seres vivos alados, escaparam voando: desde então vagueiam e prejudicam os homens dia e noite. Um único mal ainda não saíra do recipiente; então, seguindo a vontade de Zeus, Pandora repôs a tampa, e ele permaneceu dentro. O homem tem agora para sempre o vaso da felicidade, e pensa maravilhas do tesouro que nele possui; este se acha à sua disposição: ele o abre quando quer; pois não sabe que Pandora lhe trouxe o recipiente dos males, e para ele o mal que restou é o maior dos bens – é a esperança. – Zeus quis que os homens, por mais torturados que fossem pelos outros males, não rejeitassem a vida, mas continuassem a se deixar torturar. Para isso lhes deu a esperança: ela é na verdade o pior dos males, pois prolonga o suplício dos homens.


Humano, demasiado humano. §71
Nietzsche











segunda-feira, 30 de maio de 2011








Minha psicóloga disse
que eu levo a vida muito na defensiva
e eu sempre achei o ataque a melhor defesa.














segunda-feira, 23 de maio de 2011

Dê uma chance às entrelinhas...






      Dê uma chance às entrelinhas...

     Dê à escrita um espaço maior em seus dias. Deixe a menina falar, não precisa ouvir em seguida, mas deixe que ela te fale. Guarde numa gaveta se for o caso de ler depois, mas não permita que ela só tenha voz por acaso. Dê duas vezes mais espaço à escrita em sua vida.

     Não marque data, não agende, não faça (que seja) diário, se permita serem constantes, fluidos, regidos pelo tempo do desejo, como se fosse orgânico. Por mais que se tenha hora para comer não se tem hora para sentir fome. (Por mais que se adie o momento do encontro não se contém quando chega a saudade).

     Doe uma chance às entrelinhas...

     Não tenha borracha, não há erros, não há crime que as palavras cometam que justifique a pena de serem apagadas. Pena capital para quaisquer palavras imperfeitas é muita intolerância com a inocência da escrita. Aprisione as palavras com o uniforme listrado tachado, mas não dê cabo a quem só deseja existir.

     Do amor do lápis com a folha em branco se dá a concepção do imortal. Não aborte algo que pode vir a ser maior que você. A paixão entre dois corações só demanda existir, não há imperativos pelos adjetivos: certo, perfeito, belo, permitido... O que importa é se permitir, aqui, tudo que se deseja e tudo que se pode ter é a existência. O mundo prescinde o egoísmo das pessoas que se negam até a si mesmas. Do impossível ao possível são só algumas letrinhas a se esquecer.

     Dê sua chance às entrelinhas...















sábado, 21 de maio de 2011

















“A existência é por essência miserável”







Todas as formas de se contradizer, desdizer ou redizer isso são meras alterações conjunturais maquilando uma estrutura indiferente ao otimismo,romantismo e ao que quer que seja alheio. A nova tinta sobre a parede velha não muda o reboco mal feito na iminência da queda. Sorrisos são apenas a exposição dos dentes e lágrimas são só gotas d’água, o que se queria dizer não pode ser dito (ou maldito) por gestos, sons, imagens ou palavras.