sábado, 28 de novembro de 2009




...do medo de ir e não voltar, do medo de ter que sempre voltar ou do medo de não ir. O medo de ter medo disfarçado de coragem ou a força destemida dos afortunados de loucura. Medo que se transveste de instinto de sobrevivência, medo que esconde histórias e medo de contar histórias. Não me é remoto lembrar do medo que eu tinha do que havia ou poderia haver embaixo da cama. Um dia coloquei o colchão no chão e joguei a cama fora.







terça-feira, 17 de novembro de 2009

Um sapato velho que já conhecia meus calos...




De uma forma poética, vinha a maturidade chegando aos poucos. O exagerado de outrora encontrara brotando em seu peito um coração anseiando por razão. Ainda no mesmo corpo carecendo de carinho, o mesmo a duvidar de tudo, mas agora com novas dúvidas sobre as mesmas coisas. No entanto, uma nova dúvida sobre o mesmo objeto, transforma tudo em algo novo. O advento das respostas ainda estaria distante. Ainda havia mais portas a serem fechadas do que portas a serem abertas. Não estava em meu desejo que o futuro fosse apenas um prazo para se pagar as dívidas. Por algumas vezes, admiti o futuro como um epílogo do passado, mas agora se fazia imperativa a demanda pela reinvenção do novo.

Errar tentando dar uma resposta nova não carregava a conotação de erro. Queria em mim e aqui a possibilidade de estender ao infinito, porque o máximo, qualquer persistente sem muitas opções conseguiria. Seguia adiante, mas não incomodava mudar de lado, mesmo que só para ter certeza de que estava do lado certo. Certo?Só uma forma de expressar o equívoco de achar que se tem razão.

A barba por fazer, não por não me importar, mas por um desleixo caprichosamente descuidado. Como se o descaso estampado em meu rosto fosse uma metonímia para o descaso residente em meus dias.(Ou um convite ao cuidado.) Há muito havia estourado minha cota de ausência. Agora, era a minha vez de estar ausente. Estaria fadado às narrativas de histórias alheias que atribuía a mim? Tomara de empréstimo a alteridade como uma forma de construir a minha primeira pessoa do singular. Era o novo que me movia, era o anseio pelo porvir, mesmo que implicasse em tudo de novo.





domingo, 8 de novembro de 2009








O amor é cego, teve os olhos furados pela razão...













terça-feira, 3 de novembro de 2009




O erudito e o não-dito
no silêncio da prolixidade
na retórica transvalorada em saber
Toda uma inversão do reverso
às avessas do avesso
Por outro lado,
a mesma imagem por outros olhos
O mesmo homem
na companhia de uma nova solidão
Um novo livro à cada reedição
ou o mesmo,
livre de cada rendição


Os rascunhos nos tornam ímpares
a forma como se concebe um sonho
à fôrma como vamos sonhá-lo
um verso, um copo, um trago
Qual fuga me consome menos?
Qual desses medos já não temo?
Qual dos meus vícios é viciado em mim?