quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Epígrafe do epílogo desses dias



Agora eu sabia o que era onipresença

Em cada milésimo de segundo

Em cada milímetro de espaço

(eu só sabia o que era falta

E o que me era a falta)

E daqui só se via ausência

Um novo mundo cheio de espaços (e)

Vazios

O vazio que era onipresente

E como isso era tudo,

Agora eu sabia o que era onisciência...



E nada mais poderia ser feito

Tudo já havia sido dito

Para algumas vezes até refeito

Eu poderia fazer qualquer coisa

Uma vez que não havia mais nada a fazer

Agora eu sabia o que era onipotência...



Eu já ia tão além de mim

Que já havia me tornado a mudança em si

Que me conduzia sempre a uma nova pessoa

(já havia superado tanto minhas super-ações)

Havia me superado tanto em me ser eu mesmo

E de tantas mudanças,

Eu já era nômade dos meus dias

(e às vezes quase retirante da minha vida)

As mudanças em silêncio

Que dividi comigo aquilo que partia

(e me partia)

Em dois

Desse parto

Fórceps

Para essa

Vida parte dois




“Certos dias têm cara de vida inteira...”

domingo, 24 de fevereiro de 2008

Subterfúgio (Sub- refúgio)



O mesmo papel a

Um novo personagem

A mesma fala para outra pessoa

Um dia fora

Meus sonhos ao encontro

Do seu conto de fadas


Eu mudei meu nome

Eu mudei o (meu) mundo

Mudei meu endereço, mudei esses dias

Depois que minha Vida mudou de mim


Longe de mim a escravidão

Do desejo de ser feliz

Viver é a grande superação de ser eu mesmo


Eu passo à limpo

Cada uma de suas linhas tortas

(e me escrevo em minhas entrelinhas)


O medo de sofrer

Que você chama de

Desejo de ser feliz

O medo da Solidão

Que você chama de paixão

O medo de amar

Que você chama de liberdade


Eu abdico dessa saudade

Por algumas páginas em branco no meu livro

Eu vendo as brigas gratuitas

Que comprei outrora


São meus sonhos

De encontro ao

Seu conto de fadas

...

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Neutro artesanato de vida (Ou Neutro Artesão nato de vida)



À procura de um novo vício,
de uma nova idéia
de um novo motivo
para me tirar o son(h)o

à espera de um milagre
de um sinal
Atrás de um sorriso
de um olhar

Cantando (a vida) em outro tom
e desafinando e desafiando
e definhando o sonho
Alheio
à busca da felicidade...




domingo, 17 de fevereiro de 2008

A entrada para a estrada mais estranha de minhas entranhas...

Quase se coloca tudo a perder

E por quase nada

Quase se morre por isso

(e quase se vive sem isso)

Não é mais crise de abstinência

Agora há só abstenção

De tão vazio que não sobra espaço

Para criar versos

Ou versões para mesma canção

Com outro ritmo

Em outra harmonia

Não é mais uma ponta solta

Há uma ponta que se solta...

Igual a tudo na vida

Pensando no arquiteto desses dias, dessa vida (Parte Dois) encontraria um Almodóbar brincando de Woody Allen. A idéia de ser ator do seu próprio filme não é de agora, mas a inércia(Ah, a inércia...) é talvez mais forte que a força que deu origem ao movimento.

Pós-carnaval, fim de férias, fim de grana, fim de livro, começo de leitura... entre o fundo do poço e o fundíssimo do poço há alguns centímetros, sonhos, recordações e frustrações. Longe de mim o exercício de outrora em que toda dor tinha espaço para se testar forças. (Quem foge vive para lutar de novo.) Se “o que não me mata, me fortalece”, o que me fortalece me mata aos poucos. Segue o texto desconexo como metonímia ou amostragem ou alusão de algo que poderia ser sintetizado como sincero. (Quisera eu não ter desaprendido a conjugação do verbo mentir).

Devagar e sempre para esse credor sádico que finaliza minhas páginas, mas teu texto não cessa. Flui pelas brechas entre um pensamento e uma lembrança de um futuro que já se havia cantado no passado. Algumas canções de outros tempos agora em outro tom. No dia em que serão “retocadas” e caminharão de mãos dadas com as palavras quero estar na metade do caminho e não mais no meio do caminho, porque no meio do caminho tinha uma pedra e nem de caminhar sobre as pedras eu gosto.

Vamos ter lugar pros versos quando desocuparem esse espaço. Inquilino que vai embora e deixa a mobília sem saber como são feitas as fogueiras de São João. (ops, mas eu sou devoto é de São Francisco Buarque).

Estou reescrevendo meu passado, transcrevendo a prosa para versos, andando devagar porque já (me) perdi (com) a pressa e o meu verso não tem pressa, é expresso e só expressa...