terça-feira, 16 de outubro de 2012


Das desmemórias...






    Até quando (onde) eu me lembro esquecer é uma arte já exaltada até no monocromatismo das palavras perdidas por esses textos. Ontem, talvez até literalmente, esqueci do dia do professor! Esqueci que ontem era aniversário de um alemão que me deu aquela força naquela hora daquele dia que eu achava que eu ia me acabar e o dia não acabava. Ouvi dizer que ontem o Nietzsche completaria mais uma ano de vida se não fosse imortal. Acho que meus professores esquecem de mim numa velocidade inversamente proporcional a que eu esqueço deles. Lembro da Tia Arlinda e da Tia Irene do Jardim I, as quais alegoricamente são referidas como “Tia Tetéia”... Tia Arlinda era tão bonita... Ah meus quatro anos de idade! Ontem também esqueci que anti-ontem esqueci que meu professor de piano/teclado ia trocar uma ideia e uns sons com seus pupilos. Acho que até mesmo o pior dos professores ainda pode nos ensinar algo. Conheci algumas pessoas que viraram professores de determinadas matérias porque tiveram um professor muito ruim naquela matéria. Eu aprendi que sabia tocar teclado quando vi o 1berto tocando e ganhando dinheiro fazendo aquilo: se ele faz dessa forma e é aplaudido eu tenho carta branca pra fazer qualquer coisa... (Esqueci que eu não sou loiro, alto e rico...)Esquecer não dói, o que dói é não ser lembrado... Mentira! Eu odeio a saudade, pagaria para não lembrar e assim não sentir saudade, mas lembrando de outro professor “... quem jamais a esquece não pode reconhecer...” Ontem talvez eu tenha me perdido e esquecido que um dia aquele dia teve outro sentido, que um dia passou por mim a decência de passar pela docência. Queria ver esse tempo com os mesmos olhos que meus alunos viam, mas os olhos só lembram do que eles conseguem ver e hoje eu olho pro amanhã, eu tenho aquela saudade clichê do futuro e me vem um riso cínico com a alegria de imaginar esse passado como estátua de ar. (Eu me rio com a máxima de que professor só é lembrado até o dia da prova ou até sair as notas).  Ainda que eu tenha os pés no presente minhas mãos almejam alcançar o futuro. Eu aprendi a não guardar pesar pelo passado, a memória é seletiva, o passado é maleável. No entanto, contudo, porém, todavia, eu prefiro não movê-lo, deixá-lo intacto, passá-lo adiante de uma forma alheia a quem o receba como quem doa sem saber a quem parafraseando nesses dias outro professor que me ensinou que “o passado é uma roupa que não me serve mais...”