quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

E no terceiro ano ninguém ressuscitou...






     Há três anos, quando se deu a concepção do blog eu me via incomodado com o anagrama estético polifônico que o trio do MUSE havia feito com o RADIOHEAD, QUEEN, RAGE AGAINST THE MACHINE... Hoje o incômodo virou encanto, como se do desprezo nascesse uma paixão. Na verdade, acho que o desdém inicial era prenúncio de um afeto a posteriori. Ao perceber hoje que há três anos coloco algumas idéias por aqui(tá, lá vem de novo... tive aquele “plim”, porque insight é coisa de...) sim, no clima de fim de ano, que antes era balanço do ano, agora é DLPA( Demonstração dos Lucros e Prejuízos Acumulados) e risos de tão irônica que é a vida. Eu que não sou mais irônico de tão irônica que é minha vida, fico surpreso como as guinadas e as inversões de sentido, direção e sentir me trouxeram a lugares diferentes e por vezes aos mesmos lugares.
     Das mudanças estéticas, da ratificação da minha intolerância com a tolerância, do abandono das referências e a construção de referenciais, das abdicações e conquistas... É tão plural que eu poderia passar mais três anos para descrever o que se passou nesses três anos. Eu que envelhecia uns dez anos por mês, hoje, quase que estou remoçando ( e claro que me pego cantando sem mais nem porquê)! Mudança deve ter sido e vem sendo a palavra de ordem pra alguém que muda de endereço na média de uma vez à cada 3,5 anos, mudar deixou de ser um parto(“futuro que se impõe, passado que não se agüenta”)
     A escrita por vezes demandou suas vírgulas, além de várias reticências ( e parênteses). Os sons se fizeram presentes, mas nada que quebrasse a hegemonia do silêncio. As vozes que buscavam o silêncio se encontraram. De “quem canta seus males espanta” à “Não há mal nenhum pra quem canta sozinho”. Agora até acho que a “Vida Parte Dois” nasceu de um aborto, ou mesmo, uma série de abortos paralelos. Reininiciar, formatar tudo, apagar a BIOS, instalar um novo sistema operacional. Acho que até meu hardware mudou, uma vez que perdi cabelo e ganhei peso...
(Pausa. Eu ainda odeio telefone.)
     Por lembrar de música e artes e adjacências, eu me rio por na fase do colorido eu ainda estar no preto e branco...
Acho que por me continuar cego e usar mais filtros, acho que só não uso óculos mesmo para sonhar... Dos sonhos fui lembrando das listas de desejos de outros fins (de ano)e hoje (quase me sentindo velho ou a mais precoce das crianças)acabei trocando os desejos e sonhos por objetivos...
     




sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Ela

                Tudo muito simples. Escrever melodias é mais fácil que palavras, é mais intuitivo, mais catártico e às vezes mais verossímil. Conseguir traduzir em melodias o que sente é indescritível, como se o que não coubesse em palavras fosse transbordado em sons. Desses sons que ainda não têm nome(porque nem precisam) eis a primeira parte de uma canção maior, com outras cores que eu escreverei depois(não tenho pressa, Ela está guardada em mim).. Por hora, vale dizer que isso me veio como resposta ao sentimento que me toma quando Ela me vem, como se de cada passo que Ela desse no mundo brotasse uma flor, como se essa melodia fosse tocada cada vez que Ela se faz por perto...



Ela
(Primeiro movimento





quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

"1mano " II

              II



  Não é preciso valer-se da genialidade para concluir que a prevenção é o melhor plano de contingência. O adestramento poupa o criador dos maus feitos da criatura. A disciplina permite o controle, autonomia e a independência. Um homem que é senhor de si mesmo é senhor do mundo. A educação se rege norteada pelo “Princípio da Prudência”(sim, é válida a alusão contábil. Caberia até uma nota de rodapé no mundo Pré-Google). Só quem está preparado para a guerra é capaz de lutar pela paz. A preparação otimiza a ação, o estudo do que já foi escrito germina a escrita vindoura. O exercício redime o homem de seus erros. No entanto, a improvisação recebe uma valoração positiva pelos que se valem do adjetivo humano. De uma forma que só os detentores da onipotência humana sabem, é utilizada a improvisação. O êxito seria creditado à capacidade de improvisação humana ao passo que o fracasso seria responsabilidade do acaso ou da sorte. Ah o acaso, implacável algoz do ser humano! Quando o humano se tornar homem aprenderá a contar com si mesmo e descontar de si mesmo o peso de suas atitudes.
     A pretensão de igualdade, ou mesmo, a falácia do denominador comum. Não seria absurdo ousar dizer a universalização do individual dentro do curral de possibilidades concedidas de forma indulgente à alteridade. O respeito ao outro se dá por esforço. Aquele que hipoteticamente desrespeita se vê refém do preconceito com o preconceito. A utópica ausência de preconceitos hostiliza os que desafinam do coro dos politicamente corretos. Sob a licença e o crachá de oprimido levantam-se bandeiras reativas que precisam negar o mundo como única forma de afirmação. Evidencia-se muitas vezes a opção pelo desejo do “Não” em contraponto com o “Não-desejo”. Os rebeldes sem causa possuem um álibi embasado na intolerante tolerância advinda do “humano”. Dos que utilizam a dor como recurso estético aos que se valem da dor como forma de dar sentido ao que se sente,qual coração que ao pulsar só lateja dor? O vazio acaba ganhando várias formas numa infinita sucessão de formas de se traduzir o nada. A dor virou uma fantasia de boutique para Eles ( que muitas vezes querem ser elas que querem ser eles) que preferem querer o Não ( em uma sucessiva negação da vida) a não ter o que querer da vida. O vazio se “reinicia” e ganha formas e muitas cores que se passam por conteúdo. A superficialidade ganha volume(mas nunca densidade) quando a forma se faz conteúdo.
     Verso que não finda ganha reticências, texto que não acaba vira desdobramento de si mesmo. Como se as idéias orbitassem de forma coloidal e por ironia a gravidade bastasse para que elas caíssem no papel. Texto que prescinde fim carece de continuação.