terça-feira, 16 de julho de 2019

Do rio dos caranguejos...





Senti o inverno
o guarda roupa muda
a cerveja gelada cede espaço
ao copo de aguardente
antes do banho frio
Até o sol acorda mais tarde
como se argumentasse
que todos têm os seus
cinco minutos guardados
E o amor nessas horas vale mais
o lar aquece mais que a lareira



Sente,

É inverno aqui
nessa ilha com porto seco
em que o inferno são os outros
Não há mensagens em garrafas,
as palavras são vazias
para quem navega nesse rio 
de pessoas abaixo do nível do mar
que desaguam em um futuro ancorado no passado



Pessoas férteis com ideais estéreis
Cada facista tem sua própria cria
aumentando as marchas e os protestos de apoio
estampando a face dos facínoras
que batizam o nome dos caminhos





Não se ouve a canção do exílio
nem sei se houve alguma canção escrita nesse exílio
aqui a poesia morre à cada passo
da vanguarda reacionária tradicionalista
O passado falacioso é celebrado
talvez porque o futuro já foi esquecido