quinta-feira, 7 de julho de 2011







   Não há inspiração aqui, trata-se de expiração. Eu assumo para os devidos fins (e indevidos meios) a responsabilidade por isso. Não há fonte, musa ou topada inspiradora, aqui as palavras são expectoração, exteriorização, transbordam, sangram, derramam-se e derramam-me. Quando se inspira o ar é necessariamente ar que vem de fora. No entanto, quando se expira... mas ainda acho que ‘transpiração’ seria mais preciso por ser ‘algo além da piração’, uma vez que estou me valendo de pirar no sentido de fugir. (Vende-se um neologismo semântico.) Dentre tantas barreiras, filtros e lentes, vem a escrita como expressão de liberdade, como exercício de si mesmo, o outro criado para narrar uma idiossincrasia do eu. Não vem de fora o que é impresso e expresso aqui. Não cabe o adjetivo inteligente ou articulado por serem da esfera do racional. Aqui não apenas se fala; se expressa, se coloca, “palavra por palavra eis aqui uma pessoa se entregando”, é sensitivo, é um exercício estético. Não seria válido rotular como diário por ser atemporal muito do que é dito, ainda que se saiba que “Certos dias têm cara de vida inteira...” Recurso expressivo, talvez denso, mas ainda leve o bastante para que me seja possível voar. Até mesmo porque, o que há de mais profundo aqui tangencia a superfície, uma vez que a essência é apenas mais uma conjuntura da existência, como se fossem possíveis fotografias da experiência colecionadas em um álbum com o título de essência. O ideal e a essência são apenas recursos discursivos, a experiência é o crivo, critério e as balizas da existência. A vida prescinde quaisquer temporalidades aquém e além do presente.











Nenhum comentário:

Postar um comentário

Rupturas no silêncio...