quinta-feira, 27 de dezembro de 2012






Todos os problemas
e nenhum
Os extremos são o meio termo
do desequilíbrio
Não há espaço
quando se está vazio
Não tem sentido,
mas talvez assim esconda um significado
Uma história sem fim
é um fim em si mesmo



Muitos muros e poucas pontes
muitos segredos e poucos sorrisos
E o grande mistério em tudo isso
é ver que o fim é só um início
Uma previsão do passado
uma saudade do futuro
O especial é que somos todos comuns
Para quem não tem nada
qualquer coisa já é tudo






domingo, 2 de dezembro de 2012




Caminho do meio
meio do caminho
caminho sem volta
caminho das pedras
poeta da pedra no meio do caminho
caminho das índias
pedaço de mau caminho
pedaços de mim pelo caminho
caminho da felicidade
caminho do bem
contrabandeando o descaminho


Utopia para caminhar
caminhada para emagrecer
passos largos para pernas curtas
pequenas empresas para grandes negócios
mente pequena para grandes ideias
o verso do avesso
averso às versões de visões
(alheias)
divisões de si mesmo
travestida de outro
loucura maquiada de coragem
medo camuflado de prudência



A insônia encontra abrigo
no coração do insone
cujo sono é um amigo
que dorme e assim some
deixando versos
que soam como pontes
entre silêncios e solidões


Caminho do meio,
saia do meu caminho!
Não sou de meio termo
meias palavras
meia vida
meio assim

Um coração abatido
não pulsa meia batida
Algumas histórias terminam
com reticências,
mas as histórias sem fim
são um fim em si mesmo
(E o que nunca existiu não pode ter fim)














quinta-feira, 22 de novembro de 2012









Dinheiro não traz felicidade,
mas nos leva até ela.












sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Como dizia Camões...












O amor é uma topada...
(dói quase sempre,
quem vê de fora quase sempre ri,
   e ou te derruba
ou te faz ir à frente)




















terça-feira, 16 de outubro de 2012


Das desmemórias...






    Até quando (onde) eu me lembro esquecer é uma arte já exaltada até no monocromatismo das palavras perdidas por esses textos. Ontem, talvez até literalmente, esqueci do dia do professor! Esqueci que ontem era aniversário de um alemão que me deu aquela força naquela hora daquele dia que eu achava que eu ia me acabar e o dia não acabava. Ouvi dizer que ontem o Nietzsche completaria mais uma ano de vida se não fosse imortal. Acho que meus professores esquecem de mim numa velocidade inversamente proporcional a que eu esqueço deles. Lembro da Tia Arlinda e da Tia Irene do Jardim I, as quais alegoricamente são referidas como “Tia Tetéia”... Tia Arlinda era tão bonita... Ah meus quatro anos de idade! Ontem também esqueci que anti-ontem esqueci que meu professor de piano/teclado ia trocar uma ideia e uns sons com seus pupilos. Acho que até mesmo o pior dos professores ainda pode nos ensinar algo. Conheci algumas pessoas que viraram professores de determinadas matérias porque tiveram um professor muito ruim naquela matéria. Eu aprendi que sabia tocar teclado quando vi o 1berto tocando e ganhando dinheiro fazendo aquilo: se ele faz dessa forma e é aplaudido eu tenho carta branca pra fazer qualquer coisa... (Esqueci que eu não sou loiro, alto e rico...)Esquecer não dói, o que dói é não ser lembrado... Mentira! Eu odeio a saudade, pagaria para não lembrar e assim não sentir saudade, mas lembrando de outro professor “... quem jamais a esquece não pode reconhecer...” Ontem talvez eu tenha me perdido e esquecido que um dia aquele dia teve outro sentido, que um dia passou por mim a decência de passar pela docência. Queria ver esse tempo com os mesmos olhos que meus alunos viam, mas os olhos só lembram do que eles conseguem ver e hoje eu olho pro amanhã, eu tenho aquela saudade clichê do futuro e me vem um riso cínico com a alegria de imaginar esse passado como estátua de ar. (Eu me rio com a máxima de que professor só é lembrado até o dia da prova ou até sair as notas).  Ainda que eu tenha os pés no presente minhas mãos almejam alcançar o futuro. Eu aprendi a não guardar pesar pelo passado, a memória é seletiva, o passado é maleável. No entanto, contudo, porém, todavia, eu prefiro não movê-lo, deixá-lo intacto, passá-lo adiante de uma forma alheia a quem o receba como quem doa sem saber a quem parafraseando nesses dias outro professor que me ensinou que “o passado é uma roupa que não me serve mais...”

domingo, 23 de setembro de 2012





Eu já não temo o fracasso e já não me incomodam mais as pessoas maculadas pelo fracasso. Meu medo é daqueles que desistem. Desistem de tentar; desistem de correr e caminham sem vontade; desistem de lutar e se tornam pacifistas não por querer a paz, mas por não ter forças ou coragens para a guerra; desistem dos sonhos para sonhar acordado com
um futuro que lhe foi abdicado...

   Mas medo mesmo é daqueles que desistem de si. Se uma pessoa desiste de si mesma não há “amor às causas perdidas” que me faça vê-la com outros olhos. Fica a estampa da fraqueza encobrindo qualquer vestígio de vontade de protagonizar uma mudança. As cartas são as mesmas para todos os jogadores, o azar e o destino são variáveis usadas como justificativas e como desculpas medíocres para o fracasso. Não há tempo que não passe ou distância que não se vença diante de uma grande vontade, que o diga o homem que destronou o adjetivo absoluto do tempo e do espaço relativizando distâncias temporais e espaciais como se explicasse a essência do que é a saudade.










terça-feira, 28 de agosto de 2012







"Quando o cansaço  acumulado
 - que era contido pela excitação do vir a ser -
 cobra seu preço..."








segunda-feira, 30 de julho de 2012







Esquecer
seria repetir
o amor à primeira vista...





sexta-feira, 29 de junho de 2012






Pesadelo
é acordar com o passado presente

ameaçando ficar até o futuro...



Da arte de esquecer me vem o contrasenso ou a dualidade de esquecer na esfera racional e fetiva. O aprendizado, talvez por ingenuidade de quem assim creia, não se dá apenas pela via racional, ainda que esta seja privilegiada. Desse modo, como desdobramento ou invertendo a polaridade das coisas, esquecer iria além do racional pass(e)ando pelo afetivo, estético e existencial o que deixaria desconexo usar  as palavras “arte e esquecer” na mesma frase. Arte não se aprende, se apreende; se sabe para estudar e não se estuda para saber. Não tem sentido, é sentir as idéias; é “pensar com emoção”. 


Talvez a arte seja mesmo a intimação a vermos nossas limitações (humanas, sociais, afetivas, existenciais...) e um convite a transcendê-las. Muito romantismo conceber a arte dessa forma quando o realismo a transforma numa alquimia de um Midas pós-moderno em que quaisquer so(m)bras de arte viram concretos “entreternainers”. Fugacidade seria um antídoto, uma vez que a essência desses “entreternainers” é a mesma de uma estátua de fumaça. Seria alento para a esperança dos mais otimistas se o acaso permitisse que a chama não fosse alentada por nossas aspirações. (Eu poderia até mudar o título para: “Do toque de Midas ao toque de Mídias...”)


O desejo como um produto pré-concebido, a produção em série do que se rotula como subjetivo e academicamente se desdobra em subjetividade, a criatividade condicionada a um crivo que limita os exercícios de liberdade. Ser livre é um risco à liberdade, alguém nos proteja da possibilidade de sermos nós mesmos e correr o risco de sermos felizes. 





quarta-feira, 20 de junho de 2012


“Deus inventou o encontro e o diabo inventou a reunião”




A despretensão pessoal ou a pretensão do acaso em promover os encontros. Lembro de uma paixão infantil que eu via diariamente e sabia eu secretamente que era correspondido. Por alguns anos os sorrisos recíprocos era tudo que conseguia fazer e tudo que conseguia perceber. Não tardou o tempo colocar seus imperativos e eu achar que a criatividade traria encantamento ao propor “o que você acha da gente combinar de se encontrar por acaso?”. Ela não entendeu. Eu sabia que ela havia entendido, era a menina mais inteligente dentre as meninas mais inteligentes. Ela de tão inteligente não me ofendia, encantava. Tão inteligente que sabia que a resposta mais “burra” seria a mais inteligente. Ficou por isso, o sorriso de de outrora ficou amarelo e o brilho no olhar desbotou. Não sei se pela pressão de tentar balizar o que era espontâneo ou pela possibilidade de dar cabo ao benefício da dúvida que coloria aquela amizade.


O encontro prescinde acordos prévios por ser o acordo mais espontâneo e imediato. Eu não lembro de a paixão pedir licença ou agendar horário. Às vezes basta saber da existência do outro e a concepção do desejo é imediata. Não se coloca prazos, datas, certificações, certidões, cerimônias...  Algumas coisas não cabem no papel, por isso inventaram as entrelinhas...


Reunião, por experiências empíricas, não me traz boas recordações. Lembro de reuniões em que havia pauta para se discutir a cor da caneta que se escreveriam as pautas. (Eu me abstive da votação: sempre tive dúvida entre escrever com caneta preta ou azul). Às vezes acho que as reuniões ocorrem por falhas no sistema. É um erro para corrigir outro erro ou para corrigir a necessidade de se estar corrigindo um erro. Não são de todo infrutíferas, as pessoas acabam saciando o desejo de se estar fazendo algo para corrigir os erros, ainda que a ação seja ineficiente, serve ao menos para se usar a placa “Men at work!”. Ainda bem que eu não sou exagerado...



Quando pondero acabo olhando a realidade como possível fonte para eventuais respostas (e foz para constantes dúvidas). Se alguém quiser marcar uma reunião comigo terá que agendar, ver um horário disponível, reservar um local, verificar meu interesse,pertinência da pauta, o contato e a comunicação são restritos e provavelmente terá que me pagar por isso. No entanto, se alguma pessoa quer me encontrar, sabe que para usar esse verbo comigo eu estou disposto a encontrá-la “em qualquer lugar, em qualquer horário e por qualquer motivo”...










segunda-feira, 28 de maio de 2012







A vida que eu levo hoje
é a vida que eu quero
que me leve amanhã?





quarta-feira, 23 de maio de 2012






Se você fosse o seu maior segredo,
para quem você se contaria?







terça-feira, 22 de maio de 2012





 Ensaiando o próximo improviso...









terça-feira, 24 de abril de 2012

Do ensino da matemática...






 De fato não cabem a mim os adjetivos “frio e calculista” ainda que admire o “Pequeno príncipe” escrito por Maquiavel e insistam em me rotular de maquiavélico. ( Soa quase como um elogio pra quem já leu o “Pequeno príncipe” escrito por ele. (Dada a realidade atual italiana até que a historinha não seria anacrônica?)


 De frio e calculista não tenho muito em essência ( se eu tiver essência). Estou uns dois passos mais próximo do “Quente e letrista”. Não pelas letras carentes de melodia... (por vezes tenho as duas e o desejo de uni-las num corpo só, mas falta o encontro). E por pensar em uniões nego quaisquer apreços pela matemática. Pela definição matemática, a união da “letra e melodia” implicaria: “A U B = n(A) + n(B) – n(A) ∩ n(B)”.
Em outras palavras seria unir tudo que se tem nas “letras” com tudo que se tem na “melodia” e excluir o que elas têm em comum, que no caso seria o desejo de estarem juntas.
E para quem deseja unir um corpo só na vida escrita e na poesia vivida...







domingo, 15 de abril de 2012






"Uma questão de raciocínio:
é lógico que eu sou mentiroso."









segunda-feira, 12 de março de 2012






"Assim como a música
é feita de pausas e silêncios,
o amor também é feito daquilo que lhe falta,
de ausências e de saudades..."




domingo, 19 de fevereiro de 2012

2+2=5




2+2=5


Porque talvez nas minhas contas
sempre caiba mais um
Às vezes é só uma conta errada...
Pouca matemática e muita poesia
Do frio e calculista
ao quente e letrista
Há muita razão
em se permitir
que a emoção faça todo o sentido do mundo


Há número irracionais
pessoas legais vivendo na ilegalidade
ou com liberdade de se permanecer em silêncio
Há números inteiros
amores-perfeitos em histórias imperfeitas
Números naturais para dividir uma alma em duas
uma história escrita à duas mãos



Há dias em que 19 não chega ao 20,
chega aos 30 e não chega aqui



terça-feira, 31 de janeiro de 2012







Deixemos as vontades à vontade...










quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

         



 Não sou muito afeito de multidões. Mais de dois pra mim é multidão. As pessoas é que me apetecem, a atenção para todos para mim não serve para ninguém. Eu me valho do clichê do velho Zappa: “qualquer lugar, por qualquer motivo, a qualquer hora, o importante são as pessoas” e acabo por só conseguir ver as coisas na maioria das vezes e do tempo por aí. Por vezes não é a música em si, é o músico que a interpreta, não é o beijo em si (ou em mim), mas sim a pessoa que beija.  No nosso diálogo não quero música de fundo, não quero som de barzinho(deixa que a gente inventa a trilha sonora pra vida), quero ouvir você e ler o seu olhar. Inventem adjetivos para isso, coloquem três décadas a mais no meu RG, mas eu ainda prefiro assim. Prefiro ser por inteiro ou nunca ser a ser pela metade (ou quase ser). Eu perdi o meio termo das coisas, se eu tiver essência ou alma ela carrega o carma e o dna do adjetivo exagerado. Se no instante em que se acorda estar junto não vejo espaço para algo que não venha do outro ao seu lado. Eu não quero perder nenhum gesto, nenhum olhar e nenhum sorriso, até mesmo por lembrar que os sorrisos acontecem no mesmo lugar onde ocorrem os beijos ...





              

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012







‎"Assassinos vamos matar todos eles"
Provérbios 171, Art. 121, § 7, versículo 3










sábado, 21 de janeiro de 2012



Deus inventou o ateísmo,
ainda que por omissão.






sábado, 14 de janeiro de 2012

Os livros que eu não li
os discos que eu não ouvi
São as histórias que eu conto
são as histórias que eu canto



A arte é o desejo do que poderia ser
a arte dilui a impossibilidade do proibido
desfaz laços sociais
amarra pontas afetivas



Um fim em si mesma
um meio para algo que não tem fim
É imortal por se alimenta de vida
Desejo, logo existo.
O poeta é um meio que a poesia
encontrou para ser escrita
(Não mais e sem mas)



Traduzir o inominável
nomear o intraduzível
A arte é só um chamado
um convite, um sinal
uma chamada no meio da noite
um grito de silêncio
para que o desespero vá embora
e para que a esperança do retorno
volte com você mais uma vez