quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

(A)pagamento à vista


Sem o que dizer

À mim e a eu mesmo

De onde há tanta dor?

(De ontem há tanta dor...)

A ferida que não fecha

e a hemorragia que me estanca

A força disso tudo

(e à força isso tudo)

O acaso planejado

Na página em branco

De um livro sem final



Sem final...

Eu acredito nas pessoas

Mas não confio em ninguém

Os versos plagiados

De uma poesia que faltou (em)

Algumas estrofes pra se viver

Meu canto em silêncio

meu encanto sem luz



Sem luz...

Cerrando as grades dessa liberdade

À procura de um novo vício

emulando uma nova paixão

Sintetizando um sorriso diário

Do melhor disfarce em ser eu mesmo

A estar alheio à minha sombra

Meus passos não pertencem aos meus pés

A asa quebrada

O coração (re)partido e

os olhos furados...

quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

Amar se apr(e)ende amando

Amar

Investimento de alto custo

(alto risco)

Baixo retorno

(ou à fundo perdido)


Amar é sem razão

É dividir para somar-se

Por algumas frações (de segundos)

Em um denominador comum


Amar é fazer ceder

(e não fazer se der)

Amar é abdicar

Abdicar de si

Abdicar-se


Amor tem direção

(Amar por essência é sem sentido)

É neologismo para a existência,

é neoplasia da alma

Às vezes mudo

outras vezes (a) mudança

(Sem pensar e com pesar)


Amar é ascender, transcender

é acender (pr)a vida

Da primeira pessoa do singular

à primeira pessoa do plural




quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

Cowboy

E uma vaca vem e estraga tudo...

Não que eu tenha o intuito de fazer apologia aos bovinos ou mesmo depreciar a imagem desse grupo que já é (re)banho que não tão raramente são agraciados com a consideração concedida às divindades. De fato, retifico a assertiva de que o cachorro é o melhor amigo do homem ou que o whisky é companhia melhor por ser um cachorro engarrafado. Vou mais além e uso tal citação apenas para descartá-la. (Talvez sirva de expediente para denunciar alguma entrelinha?) Blefar é uma arte. Talvez da mesma ordem do pedantismo em que se passa a imagem de conhecimentos que não se tem ou da modéstia em esconder algo que se tem. No entanto, blefar beira a ironia. O problema é que quando ambos não funcionam você que passa por idiota. O boi supera quaisquer desses feitos e orgulhosamente carrega aquilo que o homem mais esconde na hipótese de ter sua confiança aproximada da adjetivação traída. O boi se encontra (e é encontrado) como apto a carregar um peso que não é seu e sua força é seu orgulho. Do boi se aproveita tudo, até os degetos viram adubo. Parece paixão, para que tudo soe harmonicamente assim. Paixões se inventam para isso: para as fezes que não deixam de ser fezes sejam consideradas como adubo. Quase uma maquiagem, desconto ou abono para quem faz merda e carrega um peso que ninguém queria carregar. O boi (de piranha ou não) acaba pagando o pato e arca com os ônus de uma conta que não é sua. Como já dizia Malvadinho, o chato do chifre é ter que carregar a vaquinha. No entanto, isso não é problema diante do imenso coração do boi.

As vacas são animais que devem entrar no cio uma vez por toda a existência e assim permanecerem para demandarem sempre cia. Talvez por isso os rebanhos, engodos e gados, talvez por isso. As vacas têm a constituição de suas subjetividades pautada na antítese. São seres marcados pela indecisão existencial e identitária. Sendo complicado discernir de que lado da cerca estão ou mesmo esquecem que mesmo amarradas podem comer capim. O paradoxo e a dualidade são estruturantes dessas subjetividades, que talvez até algumas remetam ao clássico de “oblíqua e dissimulada” ou mesmo permaneçam na ingenuidade distante de alguns fatos não digeridos e ainda em ruminação. Ruminar quase rima com ressentir. E as vacas em suas questões sobre quem são e de que lado estão, ainda se alimentam e alentam o paradoxo de que mesmo quando conseguem estar gordas, bem gordas, muito gordas serem sempre malhadas. Mas são simples com relação a esses estímulos, acham tudo muito colorido por serem animais daltônicos. (Talvez vivam muito bem no colorido mundo dos cegos). As vaquinhas que produzem leite não para os seus, mas para qualquer um estranho que delas possa usufruir. Apenas produzem indistintamente, sem destino ou destinatário, pois não importa o remetente. São coisificadas, a vaquinha da embalagem não é a mesma que eu via sempre no pasto. No pasto, e pisa a grama que a gente cultiva, faz crescer, tem cuidado e como no amor, vem uma vaca e estraga tudo.

Ps – “Cowboy” bem que poderia ter o campo semântico expandido e significar uma vaca fálica. Uma Vaca-garoto! Segundo o menino de “Um tira no Jardim de Infância”, os meninos têm pênis e as meninas têm vagina. Acho que Cowboy poderia ser em alusão a uma vaca fálica!

Ps2- Obviamente, eu sei que a concepção psicanalítica de falo transcende esse mero representante físico masculino. Mas vamos brincar de psicanálise selvagem nesse ensejo, só pra não perder a oportunidade de ficar calado.

Ps3-Pronto! Terceira briga gratuita comprada a um preço superfaturado hoje. Acho que vou lavar dinheiro comprando brigas gratuitas...

quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

A (re)pulsa...

A repulsa de se estar (n)a distância e em encontro ao vazio de encontro às essências que não se credita a existência nem antes e nem mesmo agora. Acreditar no que se havia descartado a existência outrora. Não, a confusão, a perfusão, a ebulição dá a sensação de que o todo se evapora, mas o equívoco maior é perceber que aquilo só mudou de forma. E continua a formar e se forma outras coisas diametralmente opostas ao que se desejava. O caminho contrário é o mais viável para os caminhos sem saída.

Ar e repulsa. Um pouco de ar para pulmões que disputam espaço em um corpo com o coração inflado, inchado e encharcado das lágrimas que chora pra si e que engole em silêncio junto com os sapos engolidos que jamais virão a ser príncipes. Aqui é democracia, é a lei do Talião elevada à enésima potência para que todos paguem a mesma pena para quaisquer crimes. A vida é o único bem e a única coisa a ser penhorada nesse empréstimo por um espaço para viver. E por se dar a vida para viver, apenas se sobrevive. E quantos dias chegamos à hora da verdade e do acerto de contas em que se paga com a vida que quando poupada nos resta paliativos para se suspirar e não mais respirar.

Ar, expulsa. A repulsa que me expulsa de mim que me faz indigno e inócuo de meus dias, inválido dessa existência e fadado à essa subsistência. Escravo dos meus dias que renego enquanto meus. À quem entregar esses dias aquém de mim? O caminho em que se perde pedaços de si, o caminho das pedras (no meio do caminho), o caminho que (des)faz ao caminhar... As pegadas que eu deixava e que agora meus passos apagam, de onde não faz diferença a indiferença. Sozinho, os gritos não passam de silêncio e as lágrimas não passam de gotas d’água e meus passos não passam dessas palavras...






Ps- Se aqui tivesse trilha, seria sonora. Se tivesse uma canção teria a frase:



"Tell me that you'll open your eyes..."

segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

Colorido mundo dos cegos

...a sinfonia dos surdos

que você nunca ouve

a paixão pelo amor

que você nunca sentiu

a dor que você ignora

a chama do amor

da dor

que não renasce das cinzas

porque renasce cinza

o colorido só encontrado na

escuridão

a beleza invisível aos olhos

a magnificência das palavras

que não foram pronunciadas

as lágrimas (gotas d’água)

que tentam ser dor ou mágoa

o destino que é fruto

de suas atitudes

a felicidade resumida

em absurdos

(momentos pouco melancólicos)

a dor que nos liga à realidade

a morte que é solução

pra vida

pra se viver

no colorido mundo dos cegos

quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

Ano novo, de novo...

Se tem um jeito

Saída

Caminho

Escolha

Destino

Possibilidade

Via

Rumo...

Só tem um modo...

(E de hoje em diante sempre passa pela aorta)