sexta-feira, 5 de agosto de 2011







Tomado por uma alegria que de tão sincera,despretensiosa, inocente e plural que chega a se confundir com felicidade me fazendo acreditar que alguns dias poderiam ser representativos da vida que eu desejo em mim.  Dos atos a realizar, dos fatos acontecidos, do que eu consumo e do que me é consumido, como se por alguns instantes ficasse mais claro que viver é mais importante que ser feliz. Nem a clarividência,a iluminação ou a epifania, mas a serenidade de quem aceita as suas dúvidas como possibilidade de força motriz e não como impossibilidade que nos estanque.



Os acordes tocados e os acordos que me tocam, ainda que tácitos como os poemas guardados na gaveta ou as canções que canto em meu quarto longe da plateia voyeur que se satisfaz com o gozo alheio e ainda mais distante daqueles que precisam exibir a felicidade para que esta seja validada por terceiros e assim se torne mais verossímil ou menos fugaz. (Algumas coisas só se dividem com o silêncio.)


Dos dias mais intensos e das noites mais tensas, das histórias com reticências já no primeiro parágrafo, dos “poemas com notas de rodapé”, dos números da matemática discreta e efêmera como se alguns sonhos fossem meras estátuas de ar, das variadas energias que encontro, das várias leituras paralelas que em mim convergem como se me fosse possível ser parabólica e dínamo; homem e criança; poeta e cientista; médico e louco; criador e criatura; autor e obra; mentiroso e sincero; vítima e algoz; professor e aluno; amante e amado...   






          

Um comentário:

  1. A tua escrita é algo assim fora de série, de verdade.
    As imagens misturadas com sensações que tu nos passa é de nos deixar flutuano por um tempo, para digerir, refletir.
    Ótimo!
    Abração
    =]

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Rupturas no silêncio...