sábado, 6 de dezembro de 2014




E veio no impacto
de quem me invade desde o primeiro instante
No meio do meu caminho
e meio que do nada
na mesma direção
prescindindo de sentido
Se coloca num imperativo
que não me permite evitá-la
Bateu e ficou
fincou em mim
uma dúvida sobre aquela palavra
que ecoava e rompia o silêncio em mim




Ela
pegara um atalho
e encontrava um acesso
para me roubar o sono
e me furtar a calma
Enquanto eu me via refém
e não concebia ser possível o contrário
me deixando sem saída
à cada passo num caminho só de ida
em que eu me perco e pergunto:
-Qual a porta de entrada para sua vida?




Talvez eu seja apenas
mais um figurante na sua história
que ousou encarar a câmera
entregando e denunciando uma vontade
de ir além
da esquina do medo e da incerteza
permitir que floresça um sim
dessa “flor do medo”
que me joga
à espera que me desespera
e exaspera a expectativa
de que seja ela
um pedaço de mim








quinta-feira, 17 de julho de 2014









Um olho que treme
como se represasse uma lágrima
como se escondesse um segredo
como se a saudade transbordasse em silêncio
como se a distância me fizesse esquecer que
para cada noite em claro
há um sonho que se apaga
cada folha em branco
é um poema abortado
cada dia distante é uma lacuna
uma esquina entre o vazio e o nada
(...)


(-Para boa felicidade
meio sorriso basta)














terça-feira, 17 de junho de 2014









Eu já perco
o meu desejo em desejar



Quando me afasto
do rebanho de erros
dos que pedem perdão ao nada
e são sempre absolvidos










domingo, 18 de maio de 2014

                




                   A voz do povo

                  É a voz de Deus:

                 Libertem Barrabás!

















quinta-feira, 17 de abril de 2014










A mudança é a única constante
mas o novo de novo é sempre o mesmo
Nessa busca vinda de um desejo alheio
de ser eu mesmo
me perco nas tentativas de me encontrar
Como se as histórias sem fim
fossem um fim em si mesmo











terça-feira, 1 de abril de 2014





Eu sigo a chuva com meus olhos
palavras agora não me atingem, mas me cercam
e não vou além da lembrança do que poderia ter sido
Eu quase não esqueci seu sorriso
mas já aprendi que um copo é muito raso para afogar mágoas



Há um poema em cada esquina
e amor em cada verso
Há um convite na escrita
e um silêncio em todo o resto



A chuva apressa o pôr do sol
o tempo esfria
o corpo aquece o que a alma esquece
os relógios lembram que já foi tarde
Disparo uma saudade contra as memórias
de quem se fez distante
Lembrá-la é a única forma de revê-la
com uma canção, um verso que ecoa
um fato do cotidiano
 que remeta à saudade mais plural
o destino de quem se perde no desejo de esquecer







quarta-feira, 12 de março de 2014

Belchior me entenderia...




Quero uma bebida amarga
que me roube o sono
Quero uma canção pesada
que me furte o tédio
Quero uma mulher ímpar
que sequestre meus desejos
e me tome de paixão
como nosso resgate
Quero o silêncio mais sólido
que invada minhas idéias mais abstratas
Quero a solidão dos poetas
usurpando todo espaço e lugar
que não me deixe escolha alguma
que não seja estar ao seu lado








domingo, 9 de fevereiro de 2014








Naquele instante
eu evitava o olhar no espelho
havia alguém a me encarar
que me reconhecia
e eu a desconhecia
Por um instante
eu era o último e o primeiro
e aqueles minutos
me valiam mais que muitas horas
que iam além de alguns anos
Eu não saberia responder
se aquele no espelho
era um outro a viver por mim
ou eu que havia me tornado outra pessoa










sexta-feira, 3 de janeiro de 2014








Fatos sobre a vida
me encantam
Contam por aí
que contra fatos não há argumentos
Mas me contaram uma vez
que não há fatos,
apenas interpretações de fatos
E de fato,
o encantamento
é uma versão que eu crio
das palavras em prosa
que eu leio em verso
E vejo poesia na esquina
do silêncio com a solidão
Em que a saudade se perde
e deixa de ser anseio pelo passado
para ser uma sede pelo futuro