sábado, 20 de janeiro de 2018




Alguns poemas seguiram
alheios a este caderno
e além de qualquer registro
ou tentativa de cercá-los
e fazê-los cair no papel
ou na tela anônima de algum leitor


Será que se perde a poesia em mim
ou eu que me perco e a deixo ter fim?
Será que peco por não saber se o pecado
é algo certo ou errado?
Ou se no caminho em que me encontro hoje
não é mais do mesmo em que me perdi ontem?
Será que os afetos dos mais distantes
são os que mais me faltam
no cotidiano com tantas vozes
que nada me falam
(e às vezes me calam)



Teria eu pelo avesso
criado o espaço
para que longe
fosse só uma palavra
Vazia de significado
para que nela coubessem tantos sentidos

A distância que nos une
no silêncio rompido por um verso
um pensamento perdido
de um sentimento incerto
uma ideia vaga
uma saudade incerta e dispersa
menos do que foi
e mais do que poderia ter sido


Alguns anos passaram
por essas páginas
fragmentos de histórias
que eu vivi ou inventei
ou inventei de viver
personagens meus
 disfarçados de alheios
com sentimentos impossíveis
de acontecer em mim
na ausência dessas folhas em branco












Um comentário:

Rupturas no silêncio...