domingo, 24 de abril de 2011

Feliz páscoa!




       Por vezes me é inevitável o flagrante de encontrar um exercício válido em transitar por minhas idéias. Pretensão minha achar que eu sou o possuidor e não o possuído de tais idéias. Não apelo à metafísica para uma resposta ao processo criativo, prefiro o viés romântico de que fui instrumento para tais palavras e não o contrário. (Soa melhor essa perspectiva aos meus ouvidos.) Ratifico que a obra é maior que o autor, a imortalidade conferida ao criador é uma extensão generosa de um adjetivo inerente a sua o obra e criaturas.

     Por algumas outras vezes observo como me fiz digno do adjetivo imaculado , por não ter dívidas pretéritas ou a vencer em um futuro imediato ou remoto. O meu livre-arbítrio concebe a minha liberdade de crença na descrença. O ceticismo não adquire cores niilistas, mas se for para tereu acredito em Deus e que ele está morto.

     Desta vez, partindo desse ponto, diante da insubistência do meu credor minha dívida prescreve. Já não tenho de usar o agora( meu maior “presente”) para quitar dívidas de vidas alheias que são minhas segundo a crença de terceiros que não assinam suas próprias obras. Meu espírito se faz livre, de uma forma que poucos[i] associam as palavras espírito e liberdade, de tal modo que não cabe em mim e eu não sou cabível e não caibo em nenhum espiritismo que me ousa cobrar juros e correções de uma dívida que não é minha.

     Mais uma vez um segundo desdobramento desse pressuposto é o consórcio cristão pela Terra Prometida. O agora e o presente são convertidos em esforços e sacrifícios para um futuro que eu não sei quando serei contemplado. Abdico da vida por uma pós-vida? Não há em mim espaço para comprar a idéia desse loteamento celestial, meu contra-senso não se permite a esse bom senso.

     Uma vez que cabe a mim redigir minha própria carta de alforria,  que compete a mim redigir meu destino, declaro para o devidos fins ( e meios) que encontro em mim um senhor de seu domínio, certo que quem demanda pastor são os animais de rebanho e que me alegro com meu presente sem  perdão e sem  culpa. Por amor à vida de uma forma inefável e de uma forma plena, não mais pelo medo de morrer, mas pelo fato de a Vida ser tudo que se pode ter e a única que se pode e se permite amar.


Ps – Reverberações de “Ecce Homo”.
Ps 2- Sem afirmar nenhuma certeza, estar certo é pretensão de quem tem fé.


[i] Nietzsche, o Belchior germânico.

5 comentários:

  1. Vou rezar, pedindo pra ter paciência pra aguentar esse teu papo furado de "sou livre por não ser cristão".. heheheh

    Você sabe que discordo de parcelas do que está escrito. Discordo desse pensamento de "sou livre por ser ateu". Onde estou presa por crer em Deus? Uma vez te fiz essa pergunta e ainda a faço. Como disse Santa Tereza, "eu escolho tudo", "tudo posso.."..

    Enfim.. voce deu sua opinião e não tenho paciência ou dom pra defender a minha. Mas fica meu registro de que discordo de você! =]

    Beijos

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  2. Como se a crença fosse despretensiosa como você sugere e perde a graça explicar a piada...

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  3. Não disse que era despretensiosa.. Só disse que na prática essa tua 'liberdade' não difere muito da minha.. São escolhas que fazemos, só isso.. assim como algumas escolhas suas, talvez por questão moral, sei lá, fazem com que, na prática, nossas posturas e escolhas sejam semelhantes..

    Mas, como eu disse antes, eu só quis mostrar que discordo de você, não 'catequisar' o mundo! =P

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  4. PS: Ah, mas eu concordo com a ideia de que é a obra que faz o autor ser imortal; então cabe pensar que é ela que o possui.

    Lembro duma discussão sobre como surgiam as grandes teorias: se eram do nada ou se precisavam de um aporte anterior. Se não tivesse Newton, Einstein teria tido a sacada genial dele? Ou era preciso a ideia anterior pra que outra amadurecesse e encontrasse um meio de nascer?

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  5. Na prática eu não me fiz entender quando usei a palavra liberdade. Nossas posturas são distintas, talvez as escolhas sejam semelhantes.

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Rupturas no silêncio...