domingo, 13 de dezembro de 2009


Algumas histórias começam pelo fim, quando se dá conta que os seus personagens já não têm o que perder. Fica a música sem letra, os poemas sem rima e as pessoas entre uma solidão e outra. Entre um intervalo de silêncio e uma penumbra no fim do túnel. Haveria espaço? Haveria chance para o intolerável?


Alguns textos jamais seriam lidos, mas ainda assim serão escritos. Por mais que ninguém procure sentido nessas entrelinhas, sempre haverá um sub-texto, um contexto ou um pretexto ali escondido, ou mesmo, de tão exposto, ofuscante e não visível aos olhares superficiais.


À primeira vista se constroem os equívocos e se insiste na máxima irracional da permanência e hegemonia da primeira impressão. Nem amor à primeira, à vista ou a prazo em suaves prestações diluídas em doses homeopáticas distribuídas na eternidade da rotina de nossos cotidianos.


Eu aspirava a tanta coisa e sempre me cabia o plano B como inevitável opção viável. Mesmo que a razão me contemplasse, eu estaria fadado ao fardo de Cassandra ou mesmo um “spoiler” de uma história sem final. O abrigo estaria em umas poucas linhas mal escritas no intervalo entre a vigília e o sono. A vacância dos meus sonhos rendia-me algumas linhas enquanto eu aguardava ser arrebatado por meu sono. No entanto, cada linha era um passo que me afastava da possibilidade de adormecer e assim eu ia (me) escrevendo, como quem usa a bebida para esquecer que bebe ou como quem (se) usa das palavras para esquecer que está sozinho.





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Rupturas no silêncio...