Tão frágil e belo
Quanto a vida
Incerto e vago
Como um sim em silêncio
Constrói teus dias
Na companhia de si mesmo
Verso sem estrofe
Dívidas sem credor
Dúvidas sem resposta
Vítimas sem algozes
A vida tem cheiro de outubro
Depois de um ano chego à primeira página
De um livro
Até a morte tem vida útil
Páginas em branco
À meia luz
Esperança é o que faz do amanhã
O nosso único presente
Que o essencial chegue à superfície
Levando em conta
O contexto dessas imagens
E a textura dessas palavras
A cor do amor
O cheiro do silêncio
Os sons do escuro
Às vezes as noites têm
O cheiro do amanhã
A beleza que reside em seu olhar
As minhas frases sem sentido
E com destino
As cores têm o cheiro de manhã
Os dias (ainda) têm o gosto
Dos seus lábios
A vida conjuga os verbos
E nós nos escrevemos no plural
Das cores de nossas músicas
Pintamos esses versos
Sou metade de você
Que vai tomando parte e partido de mim
(Eu tenho um violão
E você as canções)
Eu sou verso
Você melodia
Eu sou suas cores
Você,
Meus dias...