sábado, 1 de abril de 2017

Guimme shelter




Aos refugiados...




Anseio, receio
um rosto colado ao seio
Angústia, degusta
o gosto salgado do beijo
Palavras doces antes que eu fosse
além do fruto proibido
e do desejo reprimido
nesse Éden invertido
Para além das nossas fronteiras
a guerra está “apenas a um tiro de distância”




Trocaram as janelas por espelhos
e há quem crie um infinito em si mesmo
com grandes mudanças e revoluções em segredo
O silêncio é a medida do mistério
em narrativas com espaço pra quase tudo,
mas se diz quase nada
Nas lacunas das possibilidades
do que podemos fazer
se sonha acordado com o futuro
e se fecha os olhos para o presente
onde os meios de se dizer algo
se confundem com os lugares de fala
e abundam videntes do passado
e historiadores do futuro






A dor alheia é estrangeira
refugiada e sem abrigo
refugada sem amigos
regurgitada em castigo
Espaço estranho
invisível até o instante
que incomoda e ameaça
Traz o medo e atrai o Não
O interdito em um novo país
a ser invadido por órfãos
sem paz, pátria, pais ou raiz
A guerra é um bilhete só de ida
à miséria
E nem todas as batalhas são travadas
do lado esquerdo do peito
Para alguém em nossa fronteira
“apenas a um beijo de distância”











2 comentários:

  1. É sempre um prazer ler os teus textos! Continue escrevendo sempre! Aquele abraço!

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    Respostas
    1. Rafael, um prazer ter sua presença por aqui, alegra os escritos ter você como leitor. Abraços

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Rupturas no silêncio...