O passado é uma massinha de modelar. Às vezes para lembrá-lo ou para lembramo-nos é preciso uma criança a brincar com ele e com toda a inocência que a ele é inerente. Daí se lembra que ele existe e que não se tem mais tempo ou idade para brincar com massinha de modelar ou se misturou todas as massinhas de todas as cores e se formou um bolo cinza e indiferenciado, ao passo que nós nos tornamos indiferentes.
Dizia um iluminado ( da eksistencia) que o passado é plástico e maleável pra quem se sabe fazer flexível. Não se demanda terapeutas e poetas ou poetas-terapeutas para conceber isso. Uma vez que a memória é balizada por afetos e sentidos não se pode guardá-la de uma forma estanque e impessoal. A forma como se vê muda junto com o observador. Ao se olhar de um ponto mais alto agora os grandes problemas de outrora parecem “formiguinhas” para quem hoje aprendeu a voar.
A roupa que não nos serve mais e que se doa ou se dá de esmola, pois há quem se alimente do que é passado ou do que fomos: passado. Há histórias narradas só com verbos no pretérito, seja ele imperfeito, perfeito ou mais que perfeito, ainda que se faça de conta que não se enxerga os personagens do presente ...